Universidades e cientistas apelam à Europa para manter apoio à investigação
Universidades e cientistas de 89 países apelaram à União Europeia (UE) para proteger, no próximo orçamento plurianual, o financiamento do Conselho Europeu de Investigação, que é “o instrumento mais importante no desenvolvimento de inovações”.
Numa petição, os subscritores exortam os dirigentes da UE e os chefes de Estado e de Governo europeus a garantirem financiamento para o Conselho Europeu de Investigação (CEI) no novo orçamento da União a longo prazo, disse hoje à agência Lusa, a vice-reitora da Universidade de Coimbra para a investigação, Cláudia Cavadas.
A Universidade de Coimbra (UC) é uma das apoiantes da petição e carta aberta, tanto como instituição isolada como na qualidade de membro do CoimbraGroup, que reúne 40 universidades europeias e que também subscreveu o documento.
Entre os mais de 12 mil assinantes da petição, oriundos de 89 países, incluindo todos os Estados-membros da UE, contam-se dezenas de universidades, diversos cientistas, muitos dos quais distinguidos, designadamente, com o Prémio Nobel (mais de uma dezena), associações e organizações das mais diferentes áreas da ciência e do conhecimento.
O Conselho Europeu de Investigação (CEI ou ERC, na sigla em inglês) “tem sido um sucesso na Europa”, é “um dos principais pacotes financeiros”, mas está sob forte ameaça de sofrer cortes, no âmbito do próximo orçamento plurianual da União Europeia, sublinha Cláudia Cavadas.
Daí a preocupação da UC e, com certeza, da generalidade dos subscritores da petição, alertando para as consequências para a investigação e a inovação, salienta.
Criado, em 2007, pela UE, para “financiar cientistas de excelência e as suas ideias criativas e disruptivas”, o CEI fornece financiamento atrativo e de longo prazo para os cientistas e respetivas equipas desenvolverem os seus “projetos inovadores, de alto ganho/alto risco”, de qualquer área de investigação.
O financiamento ERC tem ainda como objetivo atrair os melhores investigadores de qualquer parte do mundo para trabalhar na Europa (numa instituição anfitriã), destaca ainda a vice-reitora.
Ao longo da sua “história de sucesso”, o ERC já apoiou mais de nove mil investigadores, sete dos quais prémios Nobel, quatro Medalhas Fields e cinco prémios Wolf, entre outros.
Portugal já teve 48 projetos financiados, oito dos quais sediados na Universidade de Coimbra e/ou centros de investigação a ela associados.
“Sendo a investigação científica e a produção de conhecimento um pilar fundamental da UC” e de qualquer universidade, naturalmente que a ameaça de corte nas verbas de um instrumento tão importante como CEI preocupa a UC.
“A investigação de excelência, sem estar condicionada, que cruze áreas do saber, tem impacto na resolução de problemas no futuro”, contribui para “uma sociedade melhor”, sustenta Cláudia Cavadas, considerando que “o financiamento no formato ERC tem sido uma prova disso”.
Entretanto, na terça-feira, 14 associações de universidades europeias (entre as quais o CoimbraGroup), que no total representam perto de 800 Universidades, também chamaram à atenção dos líderes europeus para a ameaça de cortes no orçamento plurianual do Honrizon Europe (programa para a investigação, inovação e educação e no qual se integra o CEI), que pode baixar de 100 mil milhões de euros (na primeira proposta, apresentada em 2018) para cerca de 80 mil milhões de euros, na última proposta (fevereiro de 2020).