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Casa da Escrita em Coimbra celebra o seu 11º aniversário

Fonte: Município de Coimbra

A Casa da Escrita da Câmara Municipal de Coimbra vai assinalar onze anos desde a sua abertura, que ocorreu a 28 de novembro de 2010, com iniciativas distribuídas entre os próximos dias 27 e 29 de novembro. Para além de uma sessão evocativa, estão previstas diversas iniciativas culturais, entre as quais uma evocação do poeta Carlos de Oliveira, a leitura de poemas acompanhados por Simão Mota à guitarra, uma conversa com o escritor Mário Lúcio Sousa, uma conferência a cargo de Margarida Mano e uma apresentação musical protagonizada por Paulo Soares e Rui Ferreira. As iniciativas são de entrada livre.

 

A programação cultural para celebrar os onze anos de atividade da Casa da Escrita tem início no sábado (dia 27 de novembro), pelas 15h00, com uma evocação do poeta Carlos de Oliveira, por António Pedro Pita, docente da Universidade de Coimbra. Esta iniciativa está também associada às comemorações do Centenário do Nascimento do poeta João José Cochofel, que com Carlos de Oliveira organizou o “Novo Cancioneiro” (1941-1944), fundou as revistas “Vértice”, “Presença” e “Seara Nova”, tendo como referência ética o poeta Afonso Duarte.

 

O programa continua com a leitura de poemas de autoria dos poetas Carlos de Oliveira e João José Cochofel, por Rui Damasceno, João Paulo Janicas, Alexandra Silva e Simão Mota (guitarra). A programação do dia 27 de novembro termina com a realização de uma conversa com Mário Lúcio Sousa, cantor, compositor e escritor. Nascido no Tarrafal, Ilha de Santiago (Cabo Verde), é uma das figuras mais reconhecidas da cena cultural e musical cabo-verdiana, tanto local como internacionalmente, marcando a viragem na nova poesia cabo-verdiana com o livro “Nascimento de Um Mundo”. É autor do “Manifesto a Crioulização”, a obra mais atual sobre este fenómeno, de que é um pensador expoente, e de “Meu Verbo Cultura”, a nova epistemologia sobre a cultura.

 

Já no dia 29 de novembro, o programa comemorativo prevê uma sessão evocativa do 11.º aniversário da Casa da Escrita, a partir das 18h00, presidida pelo presidente da Câmara Municipal de Coimbra, José Manuel Silva. Seguidamente, a docente universitária Margarida Mano vai falar sobre o tema “Casa da Escrita: um Lar da Cultura”. Para encerrar as comemorações está prevista uma apresentação musical a cargo de Paulo Soares (guitarra) e Rui Ferreira (viola).

Foto: Município de Coimbra

A Casa da Escrita, tradicionalmente conhecida por Casa do Arco, localizada no coração da Alta de Coimbra, guarda uma secular história que se confunde, em muitos tempos, com a vida e as gentes desta cidade.

A Câmara Municipal de Coimbra, revelando interesse pelo património material e imaterial da Casa e desejando cuidar de um lugar riquíssimo de memórias, adquiriu-a, em 2003, altura em que a Casa do Arco recebe o nome de Casa da Escrita. Em 2005, o Município procede à sua reabilitação, pelo Arquiteto João Mendes Ribeiro, com o acompanhamento técnico do Gabinete para o Centro Histórico da Câmara Municipal de Coimbra. A obra ficou concluída cinco anos depois e a Casa da Escrita foi inaugurada pelo Município no dia 28 de novembro de 2010, em cerimónia que contou com a presença de Isabel Alçada, então, Ministra da Educação.

O projeto de reabilitação da Casa recebeu o Prémio Municipal de Arquitetura Diogo de Castilho, em 2011, o Prémio BIAU 2012, VII Bienal Iberoamericana de Arquitetura e Urbanismo, Cádiz, e a nomeação para o European Union Prize for Contemporary Architecture – Mies Van Der Rohe Award 2013, Barcelona.

O espaço tem recebido, ao longo dos últimos onze anos, uma série de iniciativas, entre outras, acolhimento de escritores, lançamento de livros, ações de formação, colóquios, sessões de poesia, exposições e concertos, dirigidas a diferentes públicos.

 

Breve enquadramento histórico da Casa do Arco

Apesar de conhecida como Casa do Arco, no século XIX, as referências mais antigas remontam ao século XVI. Na verdade, não é só uma casa, mas um conjunto de três casas associadas, sendo ainda visíveis vestígios quinhentistas, como um arco apontado no piso inferior ou uma janela manuelina.

A casa foi comprada, em 1883, aos Viscondes de Espinho (cujo brasão pode ser admirado na fachada principal da Casa), por João Jacintho da Silva Correia, Professor Catedrático da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra. Passada de geração em geração, aqui nasceu João José Cochofel (bisneto de João Jacintho), ilustre poeta e escritor que a habitou, até 1982, ano da sua morte.

Pela casa da família Cochofel passaram muitos intelectuais e artistas, como Carlos de Oliveira, Joaquim Namorado, Paulo Quintela, Miguel Torga, Vitorino Nemésio, Fernando Lopes-Graça, Arquimedes da Silva, Mário Dionísio, Michael Giacometti, José Gomes Ferreira, Eugénio de Andrade, Jorge de Sena, Augusto Abelaira, Alves Redol, Bissaya Barreto e Mário Soares, entre outros. Esta geração de homens, com sólida formação social, frequentavam a casa do poeta, unidos e empenhados, através das Artes, nomeadamente, da Literatura, em operar um debate de ideias que mudasse a situação em Portugal. Para isso recorreram à edição de livros e de revistas.

 

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