Matéi Visniec (Roménia, 1956). Na Roménia de Ceausescu, encontra rapidamente na literatura um espaço de liberdade. Alimenta-se de Kafka, Dostoievski, Camus, Beckett, Ionesco, Lautréamont… Ama os surrealistas, os dadaístas, os discursos fantásticos, o teatro do absurdo e do grotesco, a poesia onírica e mesmo o teatro realista anglo-saxão.
Estudante de Filosofia em Bucareste, torna-se muito activo no seio da chamada “geração de 1980”, que baralhou a paisagem poética e literária da Roménia da época. Acredita na resistência cultural e na capacidade da literatura para demolir o totalitarismo. Acredita sobretudo que o teatro e a poesia podem denunciar a manipulação das pessoas através das “grandes ideias”.
Afirma-se na Roménia com a sua poesia refinada, lúcida, escrita com amargura. Começa a escrever teatro em 1977: as suas peças circulam abundantemente no meio literário, mas a sua subida ao palco é proibida.
Deixa a Roménia em 1987 e pede asilo político em França. Redige, na Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais, uma tese sobre a resistência cultural nos países da Europa de Leste na época comunista, mas começa também a escrever peças de teatro em francês. Entre 1988 e 1989 trabalha para a BBC e a partir de 1990 para a Radio France Internationale.
Depois de um primeiro sucesso nas Jornadas dos Autores organizadas pelo Théâtre les Célestins de Lyon, em 1991, com a peça “Les Chevaux à la fenêtre”, Matéi Visniec é descoberto por numerosas companhias e as suas peças são representadas em Paris, Lyon, Avignon, Marseille, Toulouse, La Rochelle, Grenoble, Nancy, Nice, etc. Neste momento, Matéi Visniec conta com numerosas criações em França. Cerca de trinta das suas peças escritas em francês estão editadas.
Esteve em cartaz em cerca de trinta países, como Itália, Grã-Bretanha, Polónia, Turquia, Suécia, Alemanha, Israel, Estados Unidos Canadá, Japão, Brasil e Portugal.
Tornou-se, desde 1992, um dos autores mais representados no Festival Off de Avignon com cerca de quarenta criações. Em Paris as suas peças foram representadas em vários teatros.
Na Roménia, depois da queda de Ceausescu, Matéi Visniec tornou-se o autor dramático vivo mais representado. É também autor de três romances editados na Roménia.
Recebeu em 2018, pelo conjunto da sua obra, a distinção de “Chevalier des Arts e des Lettres”, atribuída pelo Governo da França. Entre outros prémios, recebeu: o Prémio Jean-Monnet da Literatura Europeia 2016; o Prémio Europeu 2009 da SACD; o Prémio “Coup de Coeur” (imprensa) Festival Off de Avignon 2009, pela peça “A palavra Progresso na boca de minha mãe soava terrivelmente falsa”; o Prémio “Coup du Coeur” (imprensa) Festival Off de Avignon 2008, pela peça “Os desvãos Cioran ou Mansarda em Paris com vista para a morte”.
Em Portugal, as suas peças têm sido apresentadas por companhias como A Escola da Noite (“Da sensação de elasticidade quando se marcha sobre cadáveres”, “Palhaço velho, precisa-se” e “A mulher como campo de batalha”), Companhia de Teatro de Almada, Teatro Extremo e A Bruxa Teatro, entre outras.
O Clube de Leitura Teatral é um projeto conjunto do Teatro Académico de Gil Vicente e d’A Escola da Noite que tem como objetivo a divulgação, o conhecimento e a promoção da dramaturgia.
textos Peças de Matéi Visniec (fragmentos)
ciclo Dramaturgos ao Poder
coordenação Clube de Leitura Teatral António Augusto Barros, Igor Lebreaud (A Escola da Noite), Fernando Matos Oliveira, Ricardo Correia (Teatro Académico de Gil Vicente)
coprodução A Escola da Noite, Teatro Académico de Gil Vicente
iniciativa integrada no Laboratório LIPA
Sala Brincante da Cena Lusófona
duração aprox. 1h30 (leitura)
entrada livre
inscrição gratuita para leitoras/es clube.leitura.teatral@gmail.com