Uma mulher toma a palavra e proclama-se dona da sua liberdade. Declara, desafiante, não se submeter às regras da arte no exercício da sua atividade criativa, nem acatar as ordens dos seus pares.
Declara o seu amor pela literatura, pela poesia e pela língua do seu país; o seu respeito e a admiração pelas escravizadas mulheres do seu povo; e expressa a sua solidariedade e a sua dor pelas miseráveis condições de vida que elas têm de suportar.
Denuncia a espoliação do património florestal, a tragédia da emigração à qual se vêem obrigados centenas de milhares de compatriotas para poderem sobreviver, eles e as suas famílias, à fome e à miséria. E clama contra o silêncio em que tudo isto está envolvido.
Mulher.
Filha de mãe solteira. E de um pai padre. Escritora. E poeta. Galega de pensamento livre. Livre como os pássaros.
Chama-se María Rosalía Rita de Castro.
Rosalía de Castro (1837) escreveu poesia, novelas e contos, em galego e em castelhano. É a figura mais relevante do Rexurdimento, movimento que procurou a recuperação literária, cultural, política e histórica da Galiza na segunda metade do século XIX. A publicação em 1863 do seu livro Cantares Gallegos marca um ponto de viragem na história da literatura galega, sendo o primeiro livro escrito em galego numa época em que esta língua estava desaparecida como expressão literária. Precursora da poesia cívica na Galiza, pronuncia-se nos seus escritos contra as duras condições de vida das classes populares no meio rural, que obrigam os homens a emigrar para poderem sobreviver e as mulheres a ficarem para cuidar dos filhos e com o duro trabalho da terra para terem sustento. Foi igualmente uma precursora no compromisso ecologista e na luta feminista, incluindo na sua produção literária a denúncia de agressões sexuais, a luta pela igualdade e a procura de um papel de protagonista da mulher na vida, na sociedade e na literatura. “Rosalía é a voz mais importante da poesia espanhola do século XIX, considerando-se o seu derradeiro livro — En las orillas del Sar — o ponto alto da criação poética nesse período.”
Teatro do Atlántico (ES)
Textos Rosalía de Castro
Dramaturgia e encenação Xúlio Lago
Interpretação María Barcala
Composição musical Vadim Yukhnevich
Gravação Mauricio Caruso
Espaço cénico e iluminação Antonio F. Simón, Xúlio Lago
Figurinos Susa Porto
Vídeo e-Me Comunicación
Técnicos de cena RTA
Fotografía Tino Viz — Margen
Programa Mostra de Teatro Galego
Coprodução Teatro Académico de Gil Vicente
3 outubro 18h30
Clube de Leitura Teatral
Leitura dirigida por Ánxeles Cuña Bóveda (ES)
4 outubro 11h00
Clube de Leitura Teatral
Masterclass com Ánxeles Cuña Bóveda (ES)
auditório TAGV
duração aprox. 1h00
M14
€7
€5
+ info Mostra de Teatro Galego
A Escola da Noite
bit.ly/3PlumM7