Masterclass "A Direção de Arte em Cinema Não Existe"
por João Rui Guerra da Mata
Seja no cinema de autor ou no cinema mainstream, a Direcção de Arte contribui para a narrativa visual global de um filme. Em sincronia com o realizador e em estreita colaboração com o departamento de arte e com o director de fotografia, assegura que os elementos plásticos materializam as ideias do realizador, de modo a garantir que a sua visão para o filme é retratada com precisão. O trabalho de um director de arte não se resume à estética, mas sim à ajuda na transmissão de uma história. Definindo o ambiente e realçando as personagens, ajuda a tornar a história mais envolvente, acreditando que a narrativa visual irá contribuir para cativar o público, melhorando assim a sua experiência geral.
A Direcção de Arte é parte integrante da produção cinematográfica e, no entanto, não é lecionada a nível académico em Portugal.
Nesta conversa, que se quer aberta ao público, abordaremos as questões relacionadas com a Direcção de Arte, ilustradas com exemplos de filmes nos quais João Rui Guerra da Mata colaborou.
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Bionota:
João Rui Guerra da Mata nasceu em Lourenço Marques, Moçambique. Passou os seus anos formativos em Macau, na China, então uma colónia portuguesa. Estudou e trabalhou em Design Gráfico e Tipografia em Lisboa, onde reside actualmente.
Trabalha em cinema desde 1995 como art director, production designer, em guarda-roupa, em maquilhagem, como actor, assistente de realização, argumentista e realizador.
Em 2003 foi convidado pela Escola Superior de Teatro e Cinema a desenhar o programa da disciplina de Art Direction/Production Design, até aí inexistente, sendo professor de 2004 a 2011.
Em 2012 realizou a sua primeira curta-metragem a solo, O QUE ARDE CURA, premiada na Competição do Festival Internacional de Cinema de Locarno.
Co-realizou várias curtas e as longas A ÚLTIMA VEZ QUE VI MACAU (2012) e ONDE FICA ESTA RUA? ou SEM ANTES NEM DEPOIS (2022) com o seu companheiro e colaborador artístico habitual, João Pedro Rodrigues.
Os seus filmes estrearam e ganharam prémios nos principais festivais de cinema do mundo, incluindo Cannes, Veneza, Locarno, Toronto e Berlim e fazem parte das colecções permanentes de várias cinematecas e museus, nomeadamente o Museum of Modern Art (MoMA), o Harvard Film Archive, a Cinemateca Portuguesa, e a Cinémathèque Suisse. Em 2016, o Centro Pompidou, em Paris, homenageou João Rui Guerra da Mata e Rodrigues, com uma retrospectiva completa e uma exposição-instalação.