Flores para Coimbra, um dos álbuns mais importantes da história da Canção de Coimbra, retrato exemplar dos anos 60 portugueses e do impulso que Coimbra deu para a conquista da democracia em Portugal, foi gravado há exatamente 50 anos. João Queirós e o Grupo de Guitarras e Cantares de Coimbra, com produção da Associação Fado Hilário, recriam as canções do disco, num concerto que pretende ser um grito contra o esquecimento.
«Quando se fizer a história dos anos 60 portugueses, há-de sentir-se a presença da juventude de Coimbra, lúcida e inconformista, a servir de aguilhão, e uma rotina nacional, dividida e decrépita, mesmo nas zonas mais pretensamente inovadoras. Rebeldia inteligente e actuante, sem esquecer as raízes do passado, no que possuem de autêntico, e sem se perder nas águas de uma adolescência estranhamente senil, como é timbre de certa burguesia que, desconhecendo-se a si mesma, compra, a troco de uma violência gestual, a paz de espirito que não busca na acção.
Também na música e na poesia a mensagem de Coimbra se repercute com força, como o provam as criações de José Afonso e as interpretações de Adriano Correia de Oliveira e Luiz Goes. No entanto, seria injusto não distinguir o papel pioneiro e, de certo modo, mais genuíno, da guitarra de António Portugal – essa dureza dúctil e fremente que ele impunha já ao Coimbra Quintet, recriando as velhas melodias com um metal mais incisivo e mais rouco, e que hoje, já claramente ideológica (e entregue, finalmente, à sua própria lição), não receia o fulgor e a eloquência do discurso. E a poesia de Manuel Alegre (Praça da Canção, O Canto e as Armas), epopeia da saudade e do exilio em que o fecundo nervo camoniano se timbra de um clarão de certeza e de força que ilumina de esperança as derradeiras gerações. É essa voz consciente e amarga que hoje se oferece neste FLORES PARA COIMBRA, sem esquecer o original contributo que, sobre o poema de Manuel Alegre, nos dá a música de Joaquim Fernandes (sinal de um eco não fortuito ou fictício que, para lá do círculo propriamente estudantil, suscitou toda uma crise de crescimento).
E sem esquecer a limpidez das criações e interpretações de Francisco Martins – um troubadour inteligente e subtilmente lírico –, ou a viola deste arquitecto de sons (as ogivas sonoras de Duarte Costa) que se chama discretamente Luis Filipe. E em tudo o acento de António Bernardino, grave e profundo, carregando o peso desta criação colectiva com uma emoção que não exclui a consciência e um virtuosismo formal que não exclui a persuasão.»
Coimbra, 1969 – Prof. Dr. Orlando de Carvalho
Manuel Portugal
Ficha Artística
Músicos: João Queirós, Simão Mota, Manuel Portugal, Humberto Matias, Nuno Botelho e Coro D. Pedro CristoMúsico convidado: Rui PatoAtor: Rui DamascenoAtriz: Cristina Janicas
Classificação EtáriaM/6
Duração
120 minutos
InformaçõesBilheteira: 239 857 191bilheteira@coimbraconvento.pt
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Preços de bilhetes: de 5€ a 8€Bilhete geral Correntes: 45€ - apenas disponível na bilheteira local – Este bilhete dá acesso aos espetáculos: Purgatório – A Divina Comédia | Teatro O Bando, O Menu, IV Grande Noite do Fado e da Canção de Coimbra, Guitarras de Mão em Mão, Flores para Coimbra 50 anos, 15 Anos sem Paredes e Ricardo Ribeiro Canta Coimbra.