João Garcia Miguel apresenta em Coimbra adaptação de “A Casa de Bernarda Alba”
A companhia João Garcia Miguel apresenta, em Coimbra, uma adaptação de "A Casa de Bernarda Alba", do espanhol Federico Garcia Lorca, num espetáculo que é também "uma metáfora acerca do mundo, da humanidade".
O espetáculo é apresentado na quinta-feira, no Teatro Académico de Gil Vicente (TAGV), um palco familiar à companhia de Lisboa, que ali apresentou, em 2013, "As Barcas", sobre Gil Vicente, no dia mundial do teatro.
A peça, dirigida por João Garcia Miguel, assume-se como "uma metáfora acerca do mundo, da humanidade, da própria relação pessoal do encenador com as coisas, uma reflexão crítica sobre a clausura individual e coletiva", refere o TAGV.
Partindo de "A Casa de Bernarda Alba", peça teatral editada em 1936 que finaliza uma trilogia de dramas folclóricos de Federico Garcia Lorca, João Garcia Miguel estabelece um paralelo entre a época do escritor espanhol e a atualidade.
"As pessoas consideram que fecharem-se sobre si próprias, fecharem as suas casas, fecharem os seus países, fecharem as suas realidades, seria naquela época e será atualmente a melhor resposta para enfrentar os problemas que nos afligem - a insegurança, a falta de perspetivas para o futuro, a falta de esperança de que as coisas melhorem", sublinha o encenador, citado na nota de imprensa do TAGV.
Assistindo a um regresso desse mecanismo de encerramento como resposta às crises, João Garcia Miguel considera que surge no texto "um grito surdo sobre a onda de fundo que envolve mais do que um país" e que leva as pessoas "a fecharem-se".
A peça acaba por ser "um apelo à tolerância, à empatia, à compreensão e paciência para acolher o outro e a diferença, a nossa própria insegurança e medo", refere a nota de imprensa.
Este texto teatral de Federico García Lorca, o último escrito pelo autor antes de ser vítima da guerra civil espanhola, fuzilado pelas forças falangistas, é um drama em três atos que decorre na casa fechada de Bernarda Alba, mãe de cinco filhas - Angústias, Madalena, Amélia, Martírio e Adela -, num pequeno povoado do interior de Espanha.
Bernarda Alba, uma matriarca dominadora, mantém as filhas em clausura, sob uma vigilância implacável, num luto obrigatório de anos, contra a vontade de todos, levando as tensões ao limite.
A peça é interpretada por Sean O'Callaghan, Annette Naiman, Paula Liberati e Duarte Melo.
O preço do bilhete custa entre cinco e sete euros.
Lusa