Chega ao fim a primeira temporada de "Ala de Criados" na Oficina Municipal do Teatro
A primeira temporada de "Ala de Criados" na Oficina Municipal do Teatro termina este domingo. Para a sessão final, o Teatrão convida os espetadores para uma conversa pós-espetáculo. A dramaturgia contemporânea da América Latina estará no centro da discussão que contará com a participação de Fernando Matos Oliveira, diretor do TAGV e professor da FLUC responsável pela coordenação do Centro de Dramaturgia Contemporânea. A segunda produção da Casa do Poder voltará em janeiro do próximo ano, já com digressão assegurada.
Depois de uma primeira semana quase sempre esgotada, Mar del Plata volta a entrar pela Oficina Municipal do Teatro adentro para as últimas apresentações da temporada que foi precedida por um Ciclo de Cinema Argentino. Foi durante a projeção dos quatro filmes selecionados que se iniciou a discussão sobre dramaturgia e guionismo argentinos, na companhia do professor Sérgio Dias Branco e de Marco Antonio Rodrigues, encenador do espetáculo que termina este domingo com um novo momento de reflexão.
Como noutras produções da companhia, esta foi acompanhada por atividades que de certa forma contextualizam o espetáculo. Neste caso, a nacionalidade do dramaturgo e o seu reconhecimento no continente americano direcionaram o foco da discussão para a especificidade da dramaturgia e guionismo da América do Sul. A conversa de domingo faz um regresso a essa temática, agora com o parecer de Fernando Matos Oliveira.
Para além de assinalar o centenário da Semana Trágica de Buenos Aires, os sete dias de enorme opressão que fizeram cerca de 700 vítimas mortais e resultaram em inúmeros feridos e deportados na capital argentina, "Ala de Criados" leva-nos a pensar sobre a oposição de classes, a ambição cega, e o poder - a palavra-chave desta "casa" inaugurada pela companhia de teatro, em abril, com "Richard's".
Desta vez, a ação tem lugar em Mar del Plata, uma cidade à beira mar, um pouco a sul de Buenos Aires; o tempo é o mesmo da Semana Trágica. Sem sabermos muito bem por quem torcer, somos levados pelas palavras de Tatana a conhecer os seus dois primos, Emilito e Pancho, e Pedro Testa, um funcionário do clube de tiro ao pombo presidido por Tata, o patriarca da família Guerra. Os primos, entediados, são rapidamente conquistados pelos discursos acesos de Pedro. À medida que os dias passam, cada vez mais embriegados pelo cheiro a pólvora, cada um deles vai revelando a sua verdadeira natureza.
O espetáculo estreou na semana passada em Coimbra, depois de ter feito parte da seleção oficial do 42º FITEI - Festival Internacional de Teatro de Expressão Ibérica, no Porto. Para esta produção o Teatrão colaborou novamente com os alunos e profissionais da Licenciatura em Língua Gestual Portuguesa da Escola Superior de Educação de Coimbra, nas sessões de dia 1 e 8 de junho. Em janeiro de 2020 haverá reposição de "Ala de Criados".
Ala de Criados
Até 9 de junho
Qua a sáb às 21h30, dom às 19h
Entrada: 4 a 10€