Livro do Apocalipse regressa ao Mosteiro de Lorvão entre 1 e 18 de maio

O Livro do Apocalipse de Lorvão regressa a casa. Entre 1 e 18 de maio, o Mosteiro de Lorvão, em Penacova, acolhe uma exposição inédita daquele que é considerado um dos mais belos manuscritos medievais do mundo, copiado no ano de 1189 por um monge de nome Egeas. A mostra, organizada pela Câmara Municipal de Penacova em colaboração com o Arquivo Nacional da Torre do Tombo, será exibida no Centro Interpretativo do Mosteiro de Lorvão.

Integrada nesta celebração do património e da memória, a iniciativa contará ainda com um ciclo de concertos nos dias 2, 9 e 16 de maio, às 21h30, e um ciclo de palestras nos dias 3, 10 e 17 de maio, às 15h30, com entrada livre para todos os eventos. Haverá também oficinas didáticas especialmente dedicadas ao público escolar e infantil, promovendo o contacto direto com o património através de atividades educativas e lúdicas.

O acesso à exposição será feito através de um bilhete único no valor de 8 euros, que garante entrada em três espaços: a exposição do Livro do Apocalipse, o Centro Interpretativo do Mosteiro de Lorvão e o Centro Interpretativo do Palito. Os residentes no concelho de Penacova terão condições especiais de acesso. 

Este ano assinalam-se os 10 anos da inscrição do Livro do Apocalipse de Lorvão no registo Memória do Mundo da UNESCO. Para muitos investigadores nacionais e internacionais que estudaram esta obra à distância, será agora possível vê-la ao vivo, no local onde foi criada há mais de oito séculos.

O presidente da Câmara Municipal de Penacova, Álvaro Coimbra, considera que este é “um momento único e imperdível para Penacova, para Lorvão e para o país. O regresso do Livro do Apocalipse ao Mosteiro onde foi iluminado é um acontecimento de enorme simbolismo e de afirmação cultural do nosso concelho. Esta exposição é mais do que uma mostra: é um reencontro com a nossa identidade histórica”.

Para o autarca, “esta iniciativa pretende também afirmar Lorvão como um território de referência na preservação e valorização do património, dando um passo decisivo na sua projeção turística e cultural. O envolvimento da comunidade, o bilhete acessível e a programação paralela são formas de garantir que este legado excecional é verdadeiramente partilhado com todos”.

Fábio Nogueira, curador da exposição, sublinha a raridade do momento: “Ter a possibilidade de expor o Livro do Apocalipse no local onde foi copiado, e de o apresentar com rigor científico e sensibilidade expositiva, é um privilégio. É um tributo ao manuscrito, à sua história e às pessoas que o preservaram”.

Já Mauro Carpinteiro, responsável da empresa municipal de turismo Penaparque, destaca a dimensão turística e educativa do evento: “Estamos a preparar um circuito enriquecedor, que cruza história, espiritualidade e descoberta cultural. Esta será uma experiência imersiva para visitantes de todas as idades, reforçando Lorvão como destino cultural de excelência”.

Com texto em duas colunas e dezenas de iluminuras a vermelho, laranja, amarelo e preto, o Comentário ao Apocalipse de Lorvão é uma cópia do famoso códice de Beato de Liébana (séc. VIII), realizada no final do século XII. Foi conservado durante séculos no mosteiro, até ser transferido em 1853 para o Arquivo Nacional da Torre do Tombo por Alexandre Herculano. Desde 2015, integra o Registo Memória do Mundo da UNESCO como um dos documentos mais relevantes do património histórico da Humanidade.

De acordo com o Município de Penacova, "a exposição promete ser um dos pontos altos da programação cultural nacional de 2025, proporcionando um reencontro simbólico com o passado e uma rara oportunidade de ver, ao vivo, um dos tesouros mais valiosos da cultura medieval portuguesa”.

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