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Os Incêndios na Zona Mediterrânica e o Mecanismo Europeu de Proteção Civil - NAPEEC

De facto, a zona mediterrânica é conhecida pelo seu elevado risco de incêndios durante a época do verão, existindo planos de contingência e de intervenção que são colocados em prática sempre que necessário. Neste sentido, todos os anos Portugal depara-se com a ameaça dos incêndios, sendo que algumas das regiões dos país são mais afetadas do que outras. No entanto, esta situação não elimina a forma como isso afeta Portugal e os seus habitantes.

 

A vaga de temperaturas severas aliada à seca que afetou, durante o início do ano, vários países europeus, tais como Portugal, Espanha e Itália, tornou o ano de 2022 ainda mais devastador do que o ano anterior, com uma área ardida de 8,600 km² comparada com 5,500 km² em todo o território europeu. Em Portugal, pelo fim do mês de setembro, a área ardida correspondia a cerca de 110 mil hectares, sendo este valor mais do que o quádruplo da área ardida em 2021. Neste sentido, em diversos momentos os bombeiros portugueses encontraram dificuldades em combater e extinguir os incêndios, face à a seca extrema e ao vento. Por sua vez, a situação em Espanha não se mostrou melhor, tendo o ano de 2022 sido o pior ano ao nível de incêndios, com uma área ardida de quase 310 mil hectares, representando este país a maior área ardida de toda a Europa. Também em Itália a história não foi muito diferente, uma vez que desde 2006 não existiam tantos incêndios.

 

Para além disto, não foi só o território terrestre que foi afetado. Assim, diversas zonas do mar Mediterrâneo e dos respetivos ecossistemas marinhos, como peixes e corais, foram severamente lesados pelo calor gerado pelas chamas, que por sua vez  fez com que aumentasse a temperatura das águas.

 

Assim, segundo um estudo realizado pelo Banco Mundial e pela Comissão Europeia, os danos infligidos pelos intensos incêndios florestais custaram cerca de 2 mil milhões de euros à União Europeia. Posto isto, e conscientes da fragilidade financeira do Mecanismo Europeu de Proteção Civil, todos os Estados-membros concordaram em reforçar urgentemente os meios e serviços disponíveis ligados ao mesmo. Ademais, Portugal foi um dos países a pedir esse reforço, depois do mesmo mecanismo se ter mostrado ineficaz em diversas ocasiões, uma vez que não conseguiu responder a todos os pedidos de assistência dos países europeus afetados.

 

Em suma, esta situação veio demonstrar, mais uma vez, que a União Europeia e os respetivos Estados-membros não estão preparados para cenários inimagináveis como estes, sendo necessário que se desenvolva no imediato a criação de sistemas de respostas eficazes ao combate aos incêndios que todos os anos assolam o território europeu.

 

Maria Carvalho, NAPEEC

 

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