(Re)descobrir a cidade: o 404 ERROR ON THE WALL veio trazer mais cor às ruas de Coimbra!

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Após alguns passeios pela Baixa da Cidade de Coimbra durante este Natal, a equipa do Coimbraexplore foi surpreendida por vários paste-ups nas paredes de vários edifícios. Será que fomos os únicos?

Adeptos e estando sempre em alerta para as várias manifestações de arte urbana, não conseguimos ficar indiferentes aos vários desenhos impressos e colocados em pontos estratégicos da Alta e Baixa da cidade. Fomos pesquisar e descobrimos através do Instagram a página 404 ERROR ON THE WALL - a rede social do projeto de “dois amantes de arte nas suas mais variadas formas”.

A arte urbana é sem sombra de dúvida uma atração nas visitas a outras cidades e Coimbra começa a aumentar e a diversificar a sua oferta.

Não sabemos quem são, mas estivemos à conversa com eles para perceber um pouco sobre esta ideia, e, sobretudo o que pretendem com ela. Saibam tudo!

Esta ideia surgiu da emergência em criar algo. De uma necessidade de nos expressarmos para o mundo de uma forma mais artística e altruísta, não só para nosso próprio desenvolvimento como também para a cidade de Coimbra. Não sabíamos bem o que íamos fazer, nem sequer se seria arte visual ou outra coisa, mas queríamos criar. Durante essa reflexão pensámos em street art. Somos dois amantes de arte nas suas mais variadas formas, e a arte urbana é algo que nos suscita bastante curiosidade quando visitamos outras cidades, fazendo-nos inclusive pesquisar sobre o que há e fazer grandes deslocações em busca de obras, como se de monumentos se tratassem. Não só no nosso país como fora dele. 

Coimbra, deste ponto de vista cultural, é muito pobre. Qualquer admirador de street art consegue perceber o lack que a cidade tem comparativamente com outras cidades, vilas ou até mesmo aldeias (como é o exemplo de Figueiró dos Vinhos). Surge então a oportunidade de conseguirmos expandir a nossa vontade de criar, e para além disso enriquecer o local a que, tão orgulhosamente, chamamos “casa”. 

Aqui foi o momento em que o entusiasmo deu origem à criação da ideia, onde vimos a possibilidade de deixar uma marca, dar uma nova vida às paredes, captar a atenção dos mais atentos, trazer mais cor, motivar mais pessoas a criar, trabalhar e partilhar também as suas ideias. Não sabemos se as paredes têm ouvidos, mas temos a certeza que elas falam para quem as quiser ouvir ou ler. Então aproveitamo-nos do facto de as pessoas serem obrigadas a esbarrar nelas para, desta forma tão egoísta, expressarmos e impormos os nossos lamentos e reflexões. 

De onde vem a inspiração?

Explicar o que nos inspira é complicado. Honestamente nem nunca pensámos nisso. Não nos inspiramos em ninguém nem em nada especificamente, mas inspiramo-nos em tudo o que nos rodeia, e em tudo o que nos formou e forma até agora. Claro que, como observadores que somos já temos uma ideia bastante ampla de outros trabalhos, então inconscientemente estamos a usar essas memórias para formar uma ideia mais concreta do que gostaríamos de ver enquanto admiradores. Tentamos incorporar diversos temas da nossa sociedade actual, usando uma espécie de sátira e ironia, para abordar estigmas, tabus sociais, cultura popular,  política e qualquer tema que achemos que mereça mais atenção, não esquecendo o nosso passado e as nossas raízes. 

Os nossos trabalhos só são nossos até ir para as ruas, porque depois já são do mundo. Quando começámos a colocar trabalhos na rua já tínhamos consciência que poderiam não ser aceites, podendo ser vandalizados, roubados ou removidos. A partir do momento em que estamos a pôr trabalhos maioritariamente em propriedade alheia, estamos cientes que as pessoas lhes podem fazer aquilo que lhes apetecer. É um bocado triste, mas é a realidade. Ao mesmo tempo, alguns vão durar até a degradação natural da mesma acontecer, e são esses que nos vão deixar mais orgulhosos. É a efemeridade própria da street art, é como tudo na vida, uns têm uma vida mais longa, outros mais curta, e quando uns caem, outros novos se erguem. 

Qual a técnica que usam?

Relativamente à técnica ainda estamos em construção, basicamente na fase beta, não estando fixos a uma técnica mas em exploração de várias. Movimentamo-nos um pouco por “tentativa erro”, testando técnicas e aperfeiçoando-as. Começámos pelo paste-up, porque além de ser barato, facilmente conseguimos passar as ideias para o computador e do computador para o papel. Do papel para a parede é um processo muito simples e rápido, o que se torna bastante conveniente... Tentamos perceber o que é que as outras pessoas usam e o que aconselham. Pesquisámos várias receitas, o tipo de impressão, o papel mais indicado aos diversos tipos de parede, etc. Começámos por usar wheat paste, que é basicamente uma cola à base de água e farinha, tivemos alguns problemas devido a humidade e fungos e por isso ainda agora estamos à procura do que melhor se adapta. Infelizmente, só depois de algum tempo das ideias estarem nas paredes é que conseguimos perceber se a receita resulta ou não. 


Normalmente a escolha dos locais é feita previamente, enquanto passeamos pelas ruas da cidade. De forma mais ou menos espontânea vamos escolhendo sítios que gostemos, tendo algumas considerações, nomeadamente sítios onde os paste-ups tenham visibilidade e durabilidade, de maneira a não interferir com o património protegido e tentando sempre causar o mínimo dano possível tanto à propriedade como ao ambiente.