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CAMINHO de Filipa Francisco, em Coimbra

  • Quartel da Brigada de Intervenção (antigo Convento de Sant’Ana) (mapa)
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Entrada gratuita com reservas em reservascaminho@gmail.com

A oitava e última produção da Rede Artéria é uma criação da coreógrafa e performer Filipa Francisco, onde se cruzam memórias e narrativas, teatro e música, palavras e máscaras, baile e entrudo, passado e futuro. O acesso é gratuito.
Preparado em contexto comunitário (em co-criação com seis participantes locais), “Caminho” foi construído a partir das biografias e das narrativas da população do concelho de Belmonte. E Filipa Francisco relata essas visitas às freguesias e as entrevistas aos moradores, antes da pandemia do novo coronavírus: “Palavras e palavras gravadas em vídeo e transcritas para o papel. Todas elas misturavam e falavam de passado, presente e futuro.
Transcrevemos as palavras no papel, olhámos para essas palavras. Todas elas falavam de momentos de trabalho árduo, das minas, da agricultura, das fábricas ou da cestaria.” Depois, com o Covid-19, o projeto teve de readaptado. Mas, como sustenta a autora, há que “fazer nascer deste baile, fazer nascer deste entrudo” o “Caminho” para um outro rumo – e, talvez, um melhor futuro.
O criador, investigador e programador cultural Hugo Cruz escreveu: “Num tempo e espaço que reforça as nossas dúvidas, medos, inquietudes e fragilidades resta-nos a reinvenção do CAMINHO como um regresso a nós – os humanos”. E considera que este “espetáculo convoca as nossas ancestralidades confrontando-as com o hoje, tantas vezes opaco, sem deixar de ensaiar a construção de outras realidades possíveis, reequacionando o lugar do 'eu' e propondo um 'nós', distanciado do velho olhar identitário homogéneo”.
Na sua reflexão, Hugo Cruz explica como o atual projeto “trouxe para a sua construção uma pandemia que nos distanciou e abalou a tirania das certezas, decidindo, perante isso, não ter, serenamente, soluções. O grupo, em cocriação, construiu um espetáculo de dança com participação comunitária em que o encontro, o toque e o estar em coletivo foram colocados em causa, pelo menos da forma como os conhecíamos até então. Mesmo assim, o CAMINHO fez-se, respirando muito e bem, cruzando corpos em busca das suas origens, propondo a bailarinos e músicos, profissionais e não profissionais das artes, correr os mesmos riscos éticos e estéticos. Convocaram-se instrumentos musicais como extensões dos corpos, a tecnologia da atenção e do detalhe como parte integrante do processo, a mescla de referências, histórias, vozes e visões múltiplas e uma vontade pulsante de criar e, assim, concretizar outros 'estar juntos'.”
Para além de Filipa Francisco (conceção, direção artística e interpretaçāo), fazem parte da ficha criativa de CAMINHO, Tiago Pereira (música e interpretaçāo), Carlota Lagido (figurinos), Miguel Canaverde (vídeo), Matthieu Réau (cenografia, assistência direção artistica e direçāo técnica), Bruno Simāo (fotografias) e a cocriaçāo de António Almeida, Beatriz Marques Dias, Bruno Alexandre, Edgar Costa, Joana Carvalho, Luísa Batista, Verónica Calheiros e Verónica Gonzálezz