Equipa de investigadores da UC promove a saúde mental das mulheres durante a gravidez e pós-parto
Uma equipa do Centro de Investigação em Neuropsicologia e Intervenção Cognitivo-Comportamental (CINEICC), da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra (FPCEUC), está a realizar, em parceria com a Universidade de Oslo (Noruega), um estudo que visa promover a saúde mental materna durante o período perinatal.
O período perinatal, compreendido entre a gravidez e o primeiro ano após o parto, é considerado um período bastante vulnerável para muitas mulheres, que podem desenvolver perturbações psicológicas, como ansiedade ou depressão. No entanto, de acordo com a literatura científica, perante um diagnóstico de problema mental, muitas mulheres não recebem tratamento adequado. Conhecer o processo de tomada de decisão das mulheres no período da gravidez e pós-parto em relação às opções de tratamento (medicação, psicoterapia ou não tratamento), quando estas experienciam sintomas de ansiedade ou depressão, é precisamente o grande objetivo do projeto Women Choose Health.
Financiado pelo Fundo de Relações Bilaterais das EEA Grants, o projeto vai decorrer ao longo dos próximos dois anos, simultaneamente em Portugal e na Noruega, permitindo a análise e reflexão comparativa dos resultados dos dois países. A equipa portuguesa tem já disponível um questionário, em https://apps.fpce.uc.pt/limesurvey/index.php/245468?lang=pt, para a participação de mulheres que estejam grávidas ou que tenham tido um bebé nos últimos 12 meses.
Ana Fonseca, investigadora principal do projeto, explica que «a literatura diz-nos que ainda há uma percentagem muito significativa de mulheres que não recebe tratamento para as perturbações psicológicas no período da gravidez e pós-parto». Por isso, o grande objetivo do projeto é «perceber melhor quais são as decisões mais frequentes das mulheres, o nível de conflito que sentem ao tomar a decisão e que fatores influenciam essa decisão, com vista a poder identificar aspetos que possam contribuir para melhores práticas e para uma tomada de decisão mais informada por parte das mulheres».
«Para além de querermos saber qual é a decisão mais frequente das mulheres neste período, queremos perceber que fatores influenciam essa decisão, por exemplo, se há o receio de tomar medicação por causa dos efeitos secundários que pode ter no bebé, se lhes é oferecida intervenção psicológica, se optam por não ter tratamento nenhum porque consideram que nenhuma das opções é benéfica, ou pelo estigma que sentem em relação à doença mental», clarifica Ana Fonseca.
A investigadora do CINEICC nota que o projeto pretende também «promover a consciência sobre a importância da saúde mental perinatal na comunidade em geral e a importância de serem adotadas abordagens centradas na pessoa/doente nos processos de tomada de decisão». Nesse sentido, refere, o Women Choose Health inclui outras iniciativas, nomeadamente a realização de uma ação formativa em Portugal, dirigida a profissionais de saúde, «que visa elucidar sobre os resultados do estudo e sobre a adoção de práticas centradas na pessoa para facilitar os processos de tomada de decisão, e várias atividades de comunicação que visam também promover a consciência sobre a importância da saúde mental perinatal na comunidade em geral».
No final do projeto, as equipas dos dois países vão também produzir um conjunto de recomendações que possam ser úteis para os profissionais de saúde, tendo em vista a promoção da saúde mental materna.
Cristina Pinto | Universidade de Coimbra
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